Desde que o meteoro de 17 metros de 10 mil toneladas
explodiu sobre uma pequena cidade da Rússia, milhões de pessoas passaram a
culpar a NASA por não ter avisado a população com antecedência. Mas será que
essa responsabilidade global é tão somente da agência americana?
Quando as primeiras imagens da queda do meteoro começaram a
correr o mundo, milhões de pessoas passaram a entender as consequências do
choque de um meteoro contra nosso planeta. O evento não pertencia mais às
fantásticas histórias de cinema, mas ao mundo real onde vivem as pessoas de
verdade, que podem sofrer realmente as consequências de um impacto.
Apesar da queda do meteoro na Rússia ter pegado a todos de
surpresa, justamente no mesmo dia 15 de fevereiro outro asteroide, batizado de
2012 DA14 e previsto pelos cientistas, passaria coincidentemente algumas horas
depois nas proximidades da Terra.
Mesmo não havendo qualquer relação entre os dois eventos, grande parte da população entendeu que a Terra poderia estar sendo
bombardeada por rochas espaciais desprendidas do asteroide 2012 DA14. Muitos
até acharam que a NASA havia errado nos cálculos e que o objeto que caiu na
Rússia era na realidade o asteroide previsto para se aproximar no final da
tarde.
Neste ponto, gostaríamos de esclarecer nossos leitores
algumas falsas ideias sobre a NASA e porque a detecção de objetos não é de sua
única responsabilidade, mas de toda a humanidade.
Sobre a Nasa
Antes de prosseguirmos, é importante entendermos que NASA é
apenas uma agência espacial, como tantas outras que existem no mundo. O que
diferencia a agência americana de outras é o seu gigantismo e uma coleção
invejável de missões extremamente bem sucedidas. Isso fez dela um exemplo a ser
seguido pelas organizações similares.
Além da grande capacidade tecnológica obtida em parceria com
centenas de universidade, a NASA têm também uma capacidade muito grande de se
comunicar com o público, em um trabalho de relações públicas muito eficiente.
Um artigo ou palavra da NASA divulgado pela manhã estará em milhões de sites e
blogs algumas horas depois.
Por que isso acontece? Porque a agência tem um histórico de
credibilidade fabuloso, obtido justamente pela sua competência. E exatamente
por isso ela também é lembrada quando algo misterioso ou imprevisto acontece no
céu. Mesmo que a agência não tenha qualquer responsabilidade sobre o evento.
Após a queda do meteoro na Rússia, a agência espacial foi
severamente questionada em todo o mundo por não ter previsto que uma rocha de
17 metros e 10 mil toneladas poderia se chocar contra a Terra. Afinal, se a
agência consegue detectar objetos menores, por que esse bólido não foi visto e
interceptado pela agência?
Não vamos entrar em detalhes sobre o porquê de tanta
dificuldade em detectar asteroides ou meteoroides. Essa problemática já foi
apresentada e pode ser lida no artigo anterior, que explica mais
detalhadamente os motivos:
O que é importante deixar claro é que a NASA é apenas um
entre outros centros de observação mundial que tenta escanear o céu em busca de
asteroides próximos da Terra. Os dados e previsões informados não são
exclusividade da NASA e muitos astrônomos amadores também ajudam a catalogar as
pedras que vagam pelo espaço.
Naturalmente, pela grande capacidade de comunicação, essas
previsões parecem sempre vir das páginas da agência americana, mas na maior
parte das vezes a descoberta de asteroides ou cometas é divulgada antes no site
do MCP, Minnor Planet Center, da União Astronômica Internacional, que é quem
coordena a observações em nível global.
Como explicado no artigo acima citado, a detecção de rochas
espaciais é uma tarefa bastante árdua, principalmente pelas características
físicas e velocidade de deslocamento desses objetos. Isso impossibilita que uma
única organização mundial consiga monitorar o céu 24 horas por dia e emitir
alertas precisos sobre a aproximação e impacto.
Essa é uma tarefa muito cara e que requer esforços de todos
os países e não unicamente da NASA.
Para que uma agência internacional de vigilância espacial
possa realmente monitorar o céu e sugerir contramedidas eficazes será
necessário muito mais que a boa vontade das nações. Será necessário gastar
muito dinheiro anualmente em pesquisa e tecnologia de ponta, coisa que a grande
maioria dos países não faz nem mesmo para benefício próprio.
Estaria o leitor brasileiro interessado em remanejar as
verbas da saúde e da educação em direção à pesquisa de detecção de objetos
próximos da Terra e que também poderiam atingir nosso país?
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